Em caso de teste de alcoolemia, eu sou contra-análise.
Nunca digas "desta água não beberei" se estiveres a beber água, porque engasgas-te.
Trabalho é trabalho, cognac é uma bebida.
(conhaque também mas soa mal... pode parecer outra coisa)
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O futuro começou a 12 de Março? Não sei. Mas algo terá mudado, se não no imediato no país, dentro de cada um de nós com certeza. O sentir que o meus sentimentos de isolamento, as minhas angustias e desesperos, as minhas revoltas são as mesmas de tantos e tantos milhares. Disse alguém que um homem não é uma ilha, digo eu que Portugal não é um oásis, mas é verdade que um deserto se atravessa melhor se em caravana.
Hoje saíram à rua pessoas como eu. Hoje soube-me bem lembrar todo o cinismo e li nos últimos dias, de quem talvez mais que desdenhar, receava a realidade que fizemos deste dia e imaginar toda essa pseudo-elite, pseudo-pensante, pseudo-intelectual sentada nos seus cómodos sofás em frente à televisão tentando pensar o que escrever agora para continuar a justificar os seus inúteis, desconstrutivos e improdutivos artigos de opinião; o que dizer nesses mesmos canais de TV que lhes pagam para nada fazer de útil à sociedade. Que gosto imaginar essa outra geração à rasca!
Pediu-se um sobressalto cívico. Não sei bem quem terá ficado com o sobressalto. Sei, sim, quem deu uma lição de civismo. Que seja um despertar de uma nova consciência cívica é o que espero, pois a ambição será curta se a um protesto não se seguir uma nova atitude construtiva. Um futuro não se pede, não se exige, constrói-se, luta-se por ele.
Depois de hoje, muitos de nós, eu, não vou mais indignar-me com quem não trabalhando de facto nos/me acusa de não querer trabalhar. Sei que somos milhares, milhões que lutamos todos os dias, não pelo tal emprego para o resto da vida, não por um qualquer vínculo eterno, mas tão só pela necessidade - não direito, como diz a nossa constituição - apenas a básica necessidade de ganhar dinheiro para viver. Não para pagar luxos, para pagar a prestação da casa, a conta do super-mercado. Outros que vivem em realidades diferentes onde há prestações de Mercedes para pagar que continuem e confundir tudo.
Cabe a cada um de nós fazer de hoje um dia de mudança. Interna. Pessoal antes de mais. Este protesto/movimento começou nas redes sociais. Pois que sirvam essas mesmas para aí deixarmos o negativismo de lado e saibamos dar, uns aos outros, o que cada um tem de bom, pois uma sociedade nova, diferente, mais humana apenas se poderá ir mudando e construindo pela positiva.
Disse-o: senti-me hoje de alma cheia, como há muito não me sentia. É meu firme propósito deixar a política aos políticos e fazer de ora em diante apenas e só aquilo que eu sei, amo e vivo para fazer: escrever. Não posso mudar o mundo, posso (podemos) continuar a exigir que Portugal mude. Que sejamos governados por uma classe política digna, séria e honrada e que o Estado seja enfim de Direito e Pessoa de Bem, de acordo com a Constituição, mas recuso-me a cair em generalizações. Há gente com valor, para quem o serviço da causa pública está acima dos interesses pessoais ou partidários.
A mim devo-me o dever de continuar a lutar por cumprir o meu sonho e talvez que nas palavras que vou escrevendo consiga fazer sonhar quem me leia. Porque acreditarei sempre que "o sonho comanda a vida e sempre que um homem sonha o mundo pula e avança".
João Moreira de Sá
Portugal, 12 de Março de 2011
Este blogue não acabou. Espero. Está apenas em pausa por desilusão. Desilusão com promessas não cumpridas, desilusão com a falta de vista, ambição, com o comodismo das nossas editoras.
Este blogue quis (quer) ser livro. Vocês, alguns, modéstia aparte, muitos dos que me lêem, foram-me perguntando ao longo do tempo porque não editava um "best of" em livro. Decidi tentar fazê-lo.
Perante respostas como
"para vender 3 mil exemplares nem vale a pena o trabalho, menos de 10 mil não compensa..."
ou
"nós só editamos livros de pessoas conhecidas" (verídico! não importa o quê, só se é "famoso/a", da TV ou assim...nem precisa de o escrever, basta aceitar dar o nome),
... percebi (tarde, mas percebi) que neste país não importa o quê, o conteúdo é irrelevante. Contam apenas os nomes, ou se tem ou não se tem. Eu não tenho. E nunca terei porque não jogo o jogo "deles", não meto nem aceito cunhas ou favores, não pago para ser editado, não entro para a maçonaria, nem para a opus dei, nem me vou filiar em partidos políticos, não tenho padrinhos, não pareço na TV.
Para este desabafo ser sincero, devo deixar a falsa modéstia de lado e dizer que não conseguir ser editado num país que funciona desta forma e onde, como consequência, 99% do que se edita é lixo (para não usar a palavra merda como me apetece) acaba por ser um elogio. Mas um "elogio" que não deixa de desmoralizar.
Talvez um dia apareça uma editora que pense para além do lado meramente comercial. Eu já desisti de a procurar.
Que as "arcebispadas" vão voltar, fica a promessa. Não sei se diariamente, porque "isto" tem que ser antes de mais um prazer meu e neste momento não é.
O facto de darem pela "minha" ausência, isso sim, motiva-me a voltar.
Obrigado.
A Lua Vermelha inventou uma nova moda, os vampirosos e vampirosas.
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O Blog do Gajo Que Tem Opiniões Sobre Quase Tudo
Manjares do Arcebispo de Cantuária
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