Colectânea "Lugares e Palavras de Natal"
Pode ser comprada em sites de categoria como uma WOOK ou mesmo uma Bertrand. Ah, pois.
Se eu ganho alguma coisa? Assim em dinheiro, não, claro que não, Ganho o prazer de ver um conto meu em livro e se depois alguém ler (nos ler, somos vários), ganhamos o que a escrita pede: quem a leia.
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É já no domingo, contém conto meu e ausência de piadolas
Por desilusões que este ano vos tenha trazido, que sempre saibam não perder a capacidade de se criançarem no Natal. Esquecer a vida "terrena" e viver apenas as emoções, as independentes das crenças, o simples prazer de DAR.
Em modo "paibabadismo" apetecia-me pôr aqui todas, escolhi uma, o resto está onde pertencem, no Blog deles
Há convites que se sabem fazer irrecusáveis. Pela forma como são feitos, pela forma como me despertam no instinto a vontade de avançar quando o meu lado racional me diz "não te metas nisso" (e se eu embirro que o meu lado racional me diga estas coisas, sou gajo para ter logo vontade de o contrariar).
Foi o caso do convite que me fez o Rogério da Costa Pereira para me juntar ao blogue Pegada, do qual sou desde ontem ou se preferirem, a partir de hoje ou se considerem mais apropriado a partir do momento em que publique o primeiro post (como vêem, total liberdade de escolha) um honrado (já que honroso não posso garantir que seja) colaborador (espero que mais colabora que dor mas não prometo nada).
Por agora fica o convite para que visitem e descubram o Pegada (rápido, antes que eu comece a estragar a coisa).
Esta escola é algo especial. Onde as escolas "normais" têm recreios assépticos de borracha, esta é em Monsanto, num palácio do Séc. XVIII, o "recreio" são os jardins, o chão, terra como antigamente, os "aparelhos de trepar" ainda em ferro... só mesmo conhecendo. Todo o conceito de ensino é também diferente, não há notas, há arte, há horta e animais de criação. Por tudo isto escolhemos o Beiral para a primária dos nossos filhos, que por terem 16 meses de diferença terminaram o 4º ano em 2010 o Afonso e agora em 2011 a Matilde.
A título de curiosidade, há dias chego ao Beiral para ir buscar a Matilde e estava ela à conversa com a Manuela Azevedo dos Clã. O clip de "Embeiçados" foi filmado lá e tinham lá ido tocar um mini-concerto acústico. Claro que agora tenho em casa um super-fã dos Clã, o que me parece muito bem.
No 4º ano têm uma série de actividades de finalistas - uma peça de teatro para os pais, uma viagem de finalistas de 2 dias na Serra da Lousã, um baile de gala, um jantar de gala, uma quantidade de iniciativas e actividades nas quais veio a encaixar este projecto dos livros.
A professora do Afonso, que acabou o 4º ano em 2010, costuma convidar os pais dos alunos dela a irem falar à turma sobre as suas actividades profissionais. Ora, como é muito difícil explicar a crianças de 9-10 anos o que é a minha profissão, que eu próprio não consigo definir melhor que "escrevinhador" porque escritor não sou mas a minha vida é feita a escrever, pensei em mostrar como se faz um livro e usar a edição online como exemplo.
Como precisava de "material" para simular a edição de um livro, pedi à professora Mafalda que me enviasse algumas composições/contos dos alunos para fazer essa simulação e daí nasceu a ideia de lançar o desafio de cada um escrever dois contos para editarem o seu próprio livro. Assim nasceu o ano passado o livro “As Nossas Histórias”que não tem qualquer objectivo comercial (é vendido a preço de custo e disponibilizado para download gratuito como e-book), foi pensado para desenvolver o gosto pela leitura e, tanto quanto possível, deixar o "bichinho" do orgulho de ter um livro editado, quem sabe uma semente para o futuro. A reacção das crianças foi incrível.
Claro que este ano, a Matilde, sendo finalista, quis o mesmo "tratamento" do irmão e eu com prazer propus ao professor dela repetir o projecto, sendo que este ano se alargou às duas turmas do 4º ano, num total de 34 alunos. O livro já editado foi ontem apresentado aos autores, o “Contos Finais”.
Dá trabalho, reunir, corrigir, editar, formatar, publicar nem tanto (tirando a capa, onde tenho que recorrer ao melhor que o improviso me permite) mas só o prazer de ouvir uns "não sabia que era tão fácil, vou escrever um livro só meu nas férias" ou "quando for grande quero ser escritora" ou esta que adorei "pensava que ser escritor fosse muito chato mas afinal parece ser muito bom" mais que compensa o trabalho que dá e mais que desse.
O facto de ser uma escola com características especiais permitiu que estes projectos se concretizassem e para 2012, já sem filhos no Beiral, ficou já ontem falada a hipótese de se dar continuidade a esta iniciativa. Pessoalmente gostava e havendo esta vontade mútua, é bem provável que em junho de 2012 tenhamos um terceiro volume destes contos infantis destes mini-grandes-autores.
Um agradecimento especial à Bubok que desempenhou um papel fundamental neste projecto.
À partida não me parece boa ideia, e não foi, mas vamos foi uma emoção. Passo a contar:
O local: parque de estacionamento do Continente-Modelo da Quinta do Conde (já à partida um sítio onde eu desconfio até do meu pai se ele vier falar comigo).
A acção: estaciono, saio do carro, encaminho-me para a dita superfície comercial e ao meu lado pára um carro - que eu nunca tinha visto; lá dentro um cidadão aparentemente insuspeito que eu não recordava alguma vez ter visto. Mas como me fio menos na minha memória do que num governo português e o dito se dirigiu a mim, parei.
O diálogo:
- Estás bom pá?
- ... eu... estou...
- Não me estás a reconhecer!
- Pois, confesso que não...
- É natural, estive em França 11 anos, nos camiões. Olha, voltei hoje! Tenho o camião parado lá atrás, ando neste carro que o patrão me emprestou.
(o facto de há 11 anos eu não morar em Azeitão nem costumar ir à Quinta do Conde talvez explicasse o porquê de eu não conhecer o homem de lado nenhum...)
- A minha filha ainda lá ficou, sabes que já tenho duas netas?
(aí eu alinhei)
- Ai sim? Nascidas lá?
- Pois, vim cá mesmo só descarregar o camião e trazer prendas para os amigos e volto. Sabes quantas prendas eu trouxe? 140! Já só me faltam entregar duas, uma que é para o patrão - e não podia ter entregue quando lhe emprestou o carro? - e a outra é para ti. Vi o teu carro e vim atrás de ti para ta entregar. Entra aí!
Vamos lá ver... que eu conhecesse e não me lembrasse da fuça da criatura, ainda aceitava, conheço-me. Que não me lembrasse de alguém que fosse tão meu amigo - apesar de ter uns bons 20 anos mais que eu - ao ponto de me trazer e guardar uma prenda de França e tê-la no carro à espera de me encontrar no parque de estacionamento do supermercado e reconhecer o carro que eu tenho há 4 anos quando esteve 11 em França, já entra no ramo "só cai quem quer".
Mas agora era eu que queria alinhar a ver onde aquilo ia dar.
Entrei.
- Fecha a porta
- Para quê?
- Falamos ali mais à frente.
- Para quê?
- Estamos mais à vontade.
- Para me dares uma prenda? Podes dar aqui. - porta aberta. um pé dentro, outro fora do carro, à cautela...
- Olha o que eu tenho aqui - abre o porta luvas, 2 caixas - não posso levar isto comigo para França, sabes como é os impostos e as alfândegas...
- Claro!
- Olha para isto - isto eram dois relógio horríveis, dourados, em cada caixa - isto veio para cá para ser vendido a 2.700 euros cada uma (caixa), são em ouro. Tu consegues levantar 200 euros no multibanco?
- Acho que sim?
- Foi quanto eu paguei por eles, não quero ganhar nada, é quanto me saem a mim. Já viste bem? Por 200 euros ficas com dois relógios em ouro, um para ti e outro para a tua senhora, que valem quase três mil euros! É uma prenda minha, mas claro que podes vender, é muito dinheiro!
- Eu posso ir tentar levantar ali dentro.
- Então vai lá que eu espero aqui.
Fui... tomei nota da matrícula e fui... directo ao primeiro segurança que me apareceu. Expliquei a situação, chamou-se a GNR, eu fui tratar das minhas compras e quando saí nada de GNR mas lá estavam 3 ou 4 seguranças do Continente-Modelo a falar com o senhor das prendas da França.
O defeito dele? Não era muito bom de lábia, eu não sou propriamente estúpido e, como pessoa minimamente informada, já li, vi, ouvi (honra seja feita aos media) inúmeros esquemas semelhantes.
Para mim foi uma emoção estar naquela situação (e modéstia aparte, que bem que eu representei), mas depois não pude evitar pensar: quantas pessoas teriam já "aceite a prenda do amigo da França" por 200 euros?
O conceito e existência da Associação Acredita Portugal, em si já seria um bom motivo para ter vontade de a divulgar aqui:
"A Acredita Portugal nasce em 2008 com a missão de desenvolver e reforçar a confiança dos Portugueses e nos Portugueses. Acreditamos que se todos tiverem mais confiança em si, estar-se-á a criar um país mais produtivo, do qual todos serão beneficiários.
Tem um projecto ambicioso por realizar, uma ideia brilhante oculta na cabeça ou uma forma nova de abordar um problema?
Está no lugar certo. Acreditamos em si para escrever uma nova página de Portugal!"
Quando esta Associação me deu a conhecer a iniciativa 2ª Edição do Concurso Realize o Seu Sonho, honrando-me ao considerar que este humilde blogue poderia de alguma forma contribuir para divulgar o mesmo, só pude lamentar não o ter podido fazer aquando da 1ª edição.
O conceito é simples e bom, como costumam ser as coisas simples:
"O Concurso é uma iniciativa que desafia os Portugueses a transformarem os seus sonhos/ideias num conceito de negócio, independentemente da sua formação académica ou idade. Na 1ª Edição do Concurso tivemos concorrentes de Norte a Sul do País, das mais variadas faixas etárias e com uma adesão de mais de 700 candidaturas. Como Júri Independente tivemos Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, Prof. António Gomes Mota, Dr. Manuel Forjaz, Dr.ª Vera Pires Coelho e Prof. Tomaz Morais".
As inscrições são gratuitas e até 15 de Maio em www.sonho.org com prémios até 60.000€.
Citando o meu estimado e ilustre azeitonense Sebastião da Gama, "Pelo Sonho é que vamos".
O futuro começou a 12 de Março? Não sei. Mas algo terá mudado, se não no imediato no país, dentro de cada um de nós com certeza. O sentir que o meus sentimentos de isolamento, as minhas angustias e desesperos, as minhas revoltas são as mesmas de tantos e tantos milhares. Disse alguém que um homem não é uma ilha, digo eu que Portugal não é um oásis, mas é verdade que um deserto se atravessa melhor se em caravana.
Hoje saíram à rua pessoas como eu. Hoje soube-me bem lembrar todo o cinismo e li nos últimos dias, de quem talvez mais que desdenhar, receava a realidade que fizemos deste dia e imaginar toda essa pseudo-elite, pseudo-pensante, pseudo-intelectual sentada nos seus cómodos sofás em frente à televisão tentando pensar o que escrever agora para continuar a justificar os seus inúteis, desconstrutivos e improdutivos artigos de opinião; o que dizer nesses mesmos canais de TV que lhes pagam para nada fazer de útil à sociedade. Que gosto imaginar essa outra geração à rasca!
Pediu-se um sobressalto cívico. Não sei bem quem terá ficado com o sobressalto. Sei, sim, quem deu uma lição de civismo. Que seja um despertar de uma nova consciência cívica é o que espero, pois a ambição será curta se a um protesto não se seguir uma nova atitude construtiva. Um futuro não se pede, não se exige, constrói-se, luta-se por ele.
Depois de hoje, muitos de nós, eu, não vou mais indignar-me com quem não trabalhando de facto nos/me acusa de não querer trabalhar. Sei que somos milhares, milhões que lutamos todos os dias, não pelo tal emprego para o resto da vida, não por um qualquer vínculo eterno, mas tão só pela necessidade - não direito, como diz a nossa constituição - apenas a básica necessidade de ganhar dinheiro para viver. Não para pagar luxos, para pagar a prestação da casa, a conta do super-mercado. Outros que vivem em realidades diferentes onde há prestações de Mercedes para pagar que continuem e confundir tudo.
Cabe a cada um de nós fazer de hoje um dia de mudança. Interna. Pessoal antes de mais. Este protesto/movimento começou nas redes sociais. Pois que sirvam essas mesmas para aí deixarmos o negativismo de lado e saibamos dar, uns aos outros, o que cada um tem de bom, pois uma sociedade nova, diferente, mais humana apenas se poderá ir mudando e construindo pela positiva.
Disse-o: senti-me hoje de alma cheia, como há muito não me sentia. É meu firme propósito deixar a política aos políticos e fazer de ora em diante apenas e só aquilo que eu sei, amo e vivo para fazer: escrever. Não posso mudar o mundo, posso (podemos) continuar a exigir que Portugal mude. Que sejamos governados por uma classe política digna, séria e honrada e que o Estado seja enfim de Direito e Pessoa de Bem, de acordo com a Constituição, mas recuso-me a cair em generalizações. Há gente com valor, para quem o serviço da causa pública está acima dos interesses pessoais ou partidários.
A mim devo-me o dever de continuar a lutar por cumprir o meu sonho e talvez que nas palavras que vou escrevendo consiga fazer sonhar quem me leia. Porque acreditarei sempre que "o sonho comanda a vida e sempre que um homem sonha o mundo pula e avança".
João Moreira de Sá
Portugal, 12 de Março de 2011
Este blogue não acabou. Espero. Está apenas em pausa por desilusão. Desilusão com promessas não cumpridas, desilusão com a falta de vista, ambição, com o comodismo das nossas editoras.
Este blogue quis (quer) ser livro. Vocês, alguns, modéstia aparte, muitos dos que me lêem, foram-me perguntando ao longo do tempo porque não editava um "best of" em livro. Decidi tentar fazê-lo.
Perante respostas como
"para vender 3 mil exemplares nem vale a pena o trabalho, menos de 10 mil não compensa..."
ou
"nós só editamos livros de pessoas conhecidas" (verídico! não importa o quê, só se é "famoso/a", da TV ou assim...nem precisa de o escrever, basta aceitar dar o nome),
... percebi (tarde, mas percebi) que neste país não importa o quê, o conteúdo é irrelevante. Contam apenas os nomes, ou se tem ou não se tem. Eu não tenho. E nunca terei porque não jogo o jogo "deles", não meto nem aceito cunhas ou favores, não pago para ser editado, não entro para a maçonaria, nem para a opus dei, nem me vou filiar em partidos políticos, não tenho padrinhos, não pareço na TV.
Para este desabafo ser sincero, devo deixar a falsa modéstia de lado e dizer que não conseguir ser editado num país que funciona desta forma e onde, como consequência, 99% do que se edita é lixo (para não usar a palavra merda como me apetece) acaba por ser um elogio. Mas um "elogio" que não deixa de desmoralizar.
Talvez um dia apareça uma editora que pense para além do lado meramente comercial. Eu já desisti de a procurar.
Que as "arcebispadas" vão voltar, fica a promessa. Não sei se diariamente, porque "isto" tem que ser antes de mais um prazer meu e neste momento não é.
O facto de darem pela "minha" ausência, isso sim, motiva-me a voltar.
Obrigado.
vamos ali trocar de ano que este está gasto e já voltamos.
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Por desilusões que este ano vos tenha trazido, que sempre saibam não perder a capacidade de se criançarem no Natal. Esquecer a vida "terrena" e viver apenas as emoções, as independentes das crenças, o simples prazer de DAR.
Porque as coisas boas da vida podem e devem fazer-nos mais felizes, mas devemo(-nos) o saber não deixar que as coisas menos boas que a vida nos coloca no caminho sejam motivo de tristezas ou infelicidade, antes as saibamos fazer lições, aprendizagem, superação.
Para que cada ano haja motivo para, longe de consumismos e religiões, desejar por sentimentos apenas e só, um Bom Natal a todos, pois que prendas, essas recebo-as a cada dia de cada um de vós por me lerem.
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Manjares do Arcebispo de Cantuária
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