(e agora estou aqui há 5 minutos a pensar numa frase para comentar e não passo de mas... mas... mas... E só me vem à cabeça a canção do Jorge Palma "Ai Portugal, Portugal, de que é que tu estás à espera").
Vou perguntar à Alexandra Solnado se Deus achou piada (desconfio que sim).
Mas que raio é um binómio de ordem pública? Não sei, sei que a polícia tem e eu também quero um.
Onde é que a polícia usa binómios de ordem pública? Em eventos de alto risco como, jogos de futebol. Posso ser um bocado picuinhas mas não caberia na lógica da ordem pública que qualquer evento, cultural, artístico, político, desportivo, que represente um alto risco, não fosse simplesmente autorizado? Se eu e mais cem amigos resolvermos ir para um concerto do Tony Carreira fazer claque pelos autores verdadeiros das músicas, teremos binómios de ordem pública a proteger-nos? Não. Se decidirmos ir para o Terreiro do Paço gritar palavras de ordem contra os pombos não é muito provável que acabemos presos? Claro que sim, mas todos os alarves são iguais mas alguns são mais iguais que outros.
Convida o Sr. Cabeça Gorda em anúncio de meia página no "Comércio do Seixal e Sesimbra".
Ora aquii está um empresário que não só é coerente no nome e negócio como não tem medo nenhum de ASAE's, SEF's, Senhores da Marinha que não gostam (ou gostam demais, não cheguei a perceber) de massagens e afins, é meia página no jornal que o negócio precisa de... arrebitar (esta não foi de propósito).
Descobri o que considero ser a medida merecedora do prémio da Burocracia Mais Estúpida Que Portugal Consegue Inventar. Explico.
Imagine que você é operado/a (era tão mais prático quando se podia usar aquele masculino genérico e sem complexos mas enfim) e ficava 61 dias de baixa. Ao 62º dia o médico dá-lhe alta e vai trabalhar, certo? Errado. Fica em casa à espera de ser chamada/o (agora, à cautela, inverti os sexos - salvo seja) para uma Junta Médica. Quanto tempo? Actualmente estão a demorar até 3 meses mas como em Agosto estão de férias (em Portugal as Juntas Médicas fazem férias em Agosto...!) não se sabe muito bem.
Percebeu alguma coisa? Vou dizê-lo de outra maneira. O seu médico/a sua médica dizem que você pode ir trabalhar, produzir, deixar de ser pago pelo estado. Mas há uns senhores que não confiam na sua médica/no seu médico e que dizem, não senhor(a), você vai ficar quietinho/a em casa até nós termos tempo para verificar se essa baixa de 61 dias se justificava ou não. Mas estão contínuo de baixa? Não. Então? Dá faltas que são justificadas pela junta médica. Mas assim eu deixo de custar dinheiro à Segurança Social para passar a custar à entidade patronal, para a qual não vou estar a produzir porque embora esteja apto a trabalhar não posso ir trabalhar enquanto os Senhores da Junta Médica não decidirem se a minha baixa se justificava ou não, mesmo que seja já absolutamente indiferente porque mesmo que fosse fraudulenta já tinha passado, é isso? Sim.
Sim, é isso. Sem ir a junta médica não se pode voltar a trabalhar, por mais que se queira. Eis uma das formas mais eficazes que eu já vi para promover a produtividade.
Mas serve para combater as baixas fraudulentas, ouço uns perguntar, outros afirmar (ah, não, era só um engenheiro). Claro que não, essas nunca são superiores a 60 dias. Para evitar a junta médica, interrompem por 1 dia (para isso servem as férias) e retomam um novo ciclo de 60 dias a seguir, pois se os senhores já não têm mãos a medir para avaliar quem quer ir trabalhar, quanto mais para perder tempo com quem não quer...
É demasiado mau para ser verdade. Mas é. Mas se há post em que gostava que alguém me chamasse estúpido e me explicasse que há uma lógica lógica por trás disto é este.
Depois do windsurf e kitesurf, agora as massagens na praia estão proibidas no Algarve. Decisão das autoridades turísticas? Não, de um senhor da marinha que aparentemente manda nas praias de todo o Algarve e que tem alguma, só alguma, paranóia com sexo.
Grupo de operações especiais cerca casa de foragido, tiroteio, afinal o foragido não tinha arma e o agente ferido levou um tiro numa nádega de um colega (não “na nádega de um colega”, “na nádega, de um colega”). Ministro da administração (?) interna louva acção da polícia.
Há um anúncio na rádio, da OK Tele-Seguros, em que 100 euros batem à porta de casa de um senhor porque estão a voltar para casa (aparentemente porque ele não deu chatice à companhia eles devolvem uma parte do dinheiro que o seguro custou...). A publicidade, mesmo a de rádio, não devia ser encher chouriços, e 100 euros a bater à porta é tão cretino como uma seguradora devolver dinheiro. Às duas falta a mesma coisa, credibilidade.
E eu sem trabalho.
Só não percebo é se é por não escrever coisas tão más como as que ouço (pronto, lá vem o senhor que embirra com a falta de modéstia) ou como ainda assim é menos mau acreditar, ninguém aposta na minha imaginação para trabalhar como criativo.
Critica-se por pacóvia sede de protagonismo a deliberada busca por muitas, tantas pessoas dos ditos 15 minutos de fama. À medida da ambição ou objectivo cada um, seja num concurso de talentos, numa aparição televisiva, numa intervenção radiofónica, numa carta publicada num jornal, num blogue.
Critica, naturalmente, quem opina na televisão, fala na rádio, escreve no jornal ou revista. Que tendem a ser invariavelmente as mesmas pessoas, “figuras públicas”, nomes e/ou caras conhecidos. Sendo este um país pequeno, são poucos e funcionam, para quem vê de fora – e é impossível não ver, as revistas “cor de rosa” colocam-nas diante dos nossos olhos diariamente, como que numa categoria “JetMedia” - como um pequeno clube, fechado, muito fechado e onde toda a gente se conhece. E onde toda a gente se inter-convida para tudo e mais alguma coisa.
A exposição mediática queda-se em dois campos: fora do circulo vicioso, o cidadão anónimo tem acesso às “luzes da ribalta” (afinal era uma quadrilogia) se em troca vender o seu drama, o seu sangue, a sua intimidade. A outra, de divulgação de obra ou talento, fica reservada ao circulo mágico, o dos convites, o “escreve para mim e deixa-me ir ao teu programa apresentar o meu livro”.
No final, resulta que o que conta como produto a oferecer – televisivo, radiofónico, jornalístico, literário, até no humor isso corre o risco de acontecer porque as boas vontades não ultrapassam certas barreiras – conte pelo “quem fez” e não pelo conteúdo. Não retira isto qualquer mérito aos conteúdos/produtos oferecidos pelas nossas figuras públicas – uns terão mais que outros, naturalmente – mas é facto que deixa de fora toda uma “maioria silenciosa”, cliché tão mais apropriado como é facto haver por cada colunista com artigo regular, por cada jornalista, por cada apresentador televisivo, por cada escritor, por cada humorista, por cada guionista, dez, cem, que buscam uma oportunidades. E com tanto ou mais valor.
Mas quando o valor não tem valor, que alternativa senão recorrer a outro cliché e “se não podes vencê-los, junta-te a eles” e tentar entrar para o clube? A TV, claro, é o meio com maior e mais imediato impacto e efeito. O “caminho mais rápido para a fama” para completar a trilogia de clichés e frases feitas. No humor, infelizmente, ainda não descobri qual é.
Em diversas audições radiofónicas descobri que os portugueses criaram um novo conceito, a "falta de incumprimento", coisa assim ao nível do "tóxidependente" e do "destroque-me".
Uma mente delirante e não muito normal encerrada num corpo com 44 anos (embora um teste da Sábado diga que na realidade tenho 47... já estive mais longe, tenho que repetir o teste). Presentemente desempregado mas com boas perspectivas de conseguir vir a trabalhar num call-center. Escrevo porque não gosto lá muito de falar e como irresponsável que sou, acredito que um dia ainda irei conseguir ser pago para escrever, o que já vai demorando um bocado...
jmoreiradesa@gmail.com